Tenho observado um aumento na quantidade de pessoas que buscam acompanhamento psicológico ou psicoterapêutico nos últimos meses, mas não é de hoje que existe uma incógnita no imaginário das pessoas sobre o papel da terapia.
Muitos querem, poucos ficam. Ao procurar um profissional é recomendável que primeiramente você se questione sobre sua intenção nessa busca, sobre o que você espera desse tratamento.
Fazer um acordo consigo mesmo se propondo ao menos olhar para aspectos da sua vida que precisam ser revistos, é um bom começo para que você tenha sucesso na sua busca.
Às vezes quando estamos na dor não conseguimos olhar as causas de nossos desequilíbrios, culpamos familiares, queremos alguém para confirmar que somos vítimas ou que as escolhas feitas são saudáveis, mas nem sempre o psicoterapeuta é a pessoa ideal pra isso.
Como escolher um psicólogo?
Nossas incoerências devem ser apontadas no consultório, nosso comportamento birrento e muitas vezes infantilizado precisa ser visto, acolhido e ajustado no consultório ou não haverá mudanças palpáveis em nossas vidas. Querer que profissionais sérios endossem nossos desajustes é quase impossível, achar que profissional bom é profissional bonzinho é um sintoma daqueles que não querem sair da zona de conforto ou sair do buraco que muitas vezes é quentinho e confortável.
Não acho que o profissional é o rei da razão, não é esse o ponto, mas o confronto do ego, quando dói, nos faz querer sair daquele lugar e esse sair pode ter dois movimentos: abandonar um tratamento por se sentir muito incomodado ou sair daquele lugar que fora questionado, ou pelo menos reconhecer que aquele fato está ali presente atuando de forma sorrateira em nossa vida.
Coragem para se enfrentar
Quando ouvimos algo que provoca desconforto, e que nos faz querer abandonar um tratamento (não estou falando de desrespeito!), procure fazer uma auto avaliação buscando a compreensão da sua negativa, busque o entendimento da sensação desconfortável de ser confrontado.
Se doeu é porque acertaram no ponto certo, no ponto que você sozinho provavelmente não conseguiria compreender. Levar essa inquietação para o processo terapêutico é um ato de coragem com você mesmo, quem sabe juntos vocês não conseguem chegar a compreensão e assim trazer para a consciência aspectos da sua personalidade que estão no ponto cego.
Profissionais que não desafiam a auto observação dificilmente conseguem contribuir com a jornada do herói.
E aí, qual o papel da psicoterapia na sua vida?